Visitando o Chateau de Chambord – Vale do Loire
Como já contei aqui (confira o post) em nossa última passagem por Paris decidimos dedicar um dia aos castelos do Vale do Loire e, durante cerca de 10 horas, pudemos visitar 3 deles. O primeiro e, na minha opinião, mais belo foi o Château de Chambord.
O Castelo de Chambord foi construído no século XVI, com o intuito de servir como retiro de caça do rei francês Francisco I. Sendo o maior entre os castelos do Vale do Loire, Chambord é conhecido também como o castelo dos exageros e logo de cara o visitante entende o porquê.
Quem chega a Chambord, encontra – antes de mais nada – um muro que vai até onde a vista alcança. Ao atravessar uma de suas guaritas, o visitante precisa ainda percorrer um caminho extenso (cerca de 15 minutos de ônibus ou carro) rodeado pela mata, até que seja possível avistar o castelo pela primeira vez. É que, preservando sua identidade de pavilhão de caça, o castelo segue rodeado por uma enorme floresta. E quando eu digo enorme, é enorme mesmo… Simplesmente a maior floresta cercada da Europa, com um tamanho total que equivale a cidade de Paris.
No caminho, se você tiver sorte, pode encontrar alguns dos animais que vivem ali em liberdade. Atualmente, calcula-se que vivam no parque cerca de 850 cervídeos (entre corsas e veados), 1000 javalis, 130 carneiros selvagens e mais uma infinidade de aves e outros animais locais.
Pois bem, cruzada a floresta, é hora de conhecer o chateau. Entusiasta da arte italiana, Francisco I pensou o Château de Chambord mesclando elementos do passado tradicional medieval com detalhes inspirados no presente artístico fervilhante da Renascença italiana, e o resultado é um deslumbre…
Formado por um torreão central com quatro torres e protegido por uma grande muralha (foto), características comuns a uma fortaleza medieval, o exterior de Chambord impressiona por sua grandeza e ao mesmo tempo pela riqueza de seus detalhes. São 156 metros de comprimento, 56 metros de altura, 77 escadas, 282 chaminés e por aí vai… tudo isso cheio de ornamentos delicados e lindos.
Naquela época, a família real era dona de inúmeros castelos e, por isso, os reis e rainhas passavam apenas curtas temporadas em cada um de seus palácios. O que se conta é que quando deixavam um castelo, levavam consigo quase toda a mobília. Eu me recuso imaginar o tamanho dessa mudança… Rs!
O fato é: estima-se que Francisco I, ao longo de 32 anos de reinado, tenha passado apenas 72 dias em Chambord e, assim, o chateau não guarda muito daquela época em seu interior. Por essa razão, o interior do castelo pode parecer, a primeira vista, meio sem graça, mas engana-se quem pensa que Chambord não guarda surpresas e curiosidades.
A maior e mais polêmica delas é, sem dúvidas, sua escadaria de dupla hélice. Tratam-se de duas escadas em formato de caracol que sobem opostas e entrelaçadas. O detalhe interessante e inquietante do projeto é que, embora pareçam uma única estrutura, quem utiliza uma das escadas nunca encontra quem utiliza a outra… Ou, como costumam dizer: quem sobe, nunca encontra quem desce. Eu juro que fiz o teste! Hahaha…
Nossa, parece difícil de entender, né? Talvez por essa razão, inúmeros são os historiadores e especialistas que defendem que seu projeto foi feito por nada mais nada menos que Leonardo Da Vinci. A teoria tem fundamento… Como já contei, Francisco I era um apaixonado pela arte italiana e Leonardo Da Vinci foi apenas um entre os muitos artistas do país da bota que, atraídos pelo rei francês, fixaram residência na região do rio Loire. Há quem diga, inclusive, que a ligação afetiva entre o rei Francisco I e Leonardo Da Vinci ia além de uma simples amizade, fato corroborado com a descoberta de uma passagem secreta que ligaria a casa de Leonardo com os aposentos do rei.
Mas, voltando… Ainda no interior do castelo, entre os detalhes bacanas que se pode observar está também a ornamentação do teto do segundo pavimento. Logo ao sair da escadaria, ainda nos salões, o visitante dá de cara com o lindo teto todo esculpido com as iniciais do rei e seu emblema, a salamandra. A visita passa também pela sala das carruagens, salão de audiências, aposentos do rei e da rainha, capela e mais alguns outros ambientes interessantes.
Dali, seguimos para a parte mais bacana da visita, na minha opinião. O terraço do palácio é de uma beleza sem igual… Ali, além de estar ainda mais perto dos detalhes incríveis das torres do castelo, choca a beleza e enormidade da floresta que cerca a edificação. Dali não é possível enxergar nenhuma outra construção que nos remeta ao presente e com um mínimo de criatividade fica fácil voltar à época de sua construção e imaginar como viviam ali reis e rainhas.
Ah… É no terraço também que você vai encontrar o melhor lugar para fotos maravilhosas.
Se você está pensando em visitar o Vale do Loire e ainda não sabe quais castelos visitar, recomendo com tranquilidade que acrescente o Chateau de Chambord em sua lista. O passeio é rápido e você pode ver o castelo inteiro com calma em algumas horas. Se puder ter a companhia de um guia especializado no local, ainda melhor, pois são muitos os detalhes, histórias e curiosidades de Chambord.
COMO IR?
Como teríamos apenas um dia para conhecer o Vale do Loire,
optamos por fazer este passeio em excursão. Teríamos apenas um dia livre em nossa programação em Paris e não estávamos de carro, então a comodidade de ter um ônibus que nos levaria à três castelos em um único dia foi um decisiva. Contratamos o serviço ainda no Brasil por cerca de US$300 (o casal), a antecedência é fundamental para quem viaja em alta temporada e quer garantir a vaga nas excursões com guia de áudio português.
Para reservar o seu passeio pelo Vale do Loire, a Get Your Guide é sempre uma excelente escolha. Dentre as opções oferecidas por ele, o programa “De Paris: Excursão de 1 Dia aos Castelos do Vale do Loire“, é a minha escolha. Ele passa pelos exatos três castelos que visitamos (Chambord, Chenonceau e Cheverny) e oferece guia de áudio em português.
Uma outra opção, para quem tem tempo e interesse em conhecer mais do Vale do Loire, é alugar um carro ou motorhome e visitar os chateaux por conta própria.
O Chateau de Chambord fica à 178km a sudoeste de Paris, e para quem vai de carro ou motorhome, a melhor opção é pegar a A10. O trajeto leva cerca de 2h, a depender do trânsito, e existem pedágios pelo caminho.
Outra opção é utilizar a linha férrea. As viagens de trem custam 25 euros e partem da estação Paris Austerlitz. O trajeto ferroviário termina na estação Blois-Chambord e de lá é necessário pegar um taxi ou shuttle para o Chateau de Chambord.
CLIMA E QUANDO IR
O Vale do Loire tem temperaturas um pouco mais elevadas do que as vistas em Paris, com médias que variam entre 20º graus no verão e 4º graus no inverno. No verão, os dias são mais longos e é normal e que os castelos estejam abertos à visitação por mais horas, no entanto é também a época em que a região mais recebe turistas. No inverno os dias mais curtos podem atrapalhar sua programação dependendo de quantos castelos você pretende visitar em um mesmo dia, e as temperaturas podem ser um ponto negativo para quem não curte um friozinho. Os meses de outono e primavera tem temperaturas mais amenas e, embora sempre haja visitantes, os castelos costumam ficar menos cheios. Além disso, são meses de baixa temporada, e as viagens ficam mais em conta nesse período. São também, na minha opinião, os meses que garantem as paisagens mais belas.
INFORMAÇÕES PRÁTICAS
Horário de Funcionamento:
Aberto de Segunda à Domingo durante todo o ano. (exceto 1º de Janeiro, primeira Quinta-feira de Fevereiro e 25 de Dezembro).
De 2 de Janeiro à 31 de Março – das 9h às 17h.
De 1 de Abril à 30 de Setembro – das 9h às 18h.
De 1 de Outubro à 31 de Dezembro – das 9h às 17h.
A última entrada permitida acontece meia hora antes do fechamento do chateau.
Ingressos:
Os ingressos custam 11 euros.
Menores de 18 anos não pagam entrada.
Estacionamento:
4 euros para carros
10 euros para motorhomes (com direito a pernoite no local).
Após o término de nossa visita por Chambord, o passeio pelo Vale do Loire seguiu em direção ao Chateau de Chenonceau e nossas expectativas – depois da obra prima de Francisco I – estavam nas alturas… E não é que Chenonceau conseguiu nos apaixonar também? Quer saber mais?
Veja o post sobre o Chateau de Chenonceau clicando aqui e leia nossos relatos de viagem por Paris nos links abaixo:
O primeiro dia em Paris – Abril/2015
O segundo dia em Paris – Abril/2015
Hotel Central Saint Germain – Paris
ATUALIZAÇÃO: Se quiser ver ainda mais sobre nossos dias em Paris e conferir imagens inéditas de nossa passagem pelos castelos do Vale do Loire, dê o play no vídeo abaixo. São fotos e takes super bacanas produzidos em nossa temporada européia em Abril de 2015. Tenho certeza que – se você já esteve por lá ou se está sonhando em conhecer – vai adorar! Ah, e se curtir, inscreva-se em nosso canal do Youtube! Assim tem acesso em primeira mão ao nosso conteúdo multimídia.
QUEM ESCREVE
Formada em Cinema e pós-graduada em Jornalismo, já trabalhou como produtora cinematográfica, fotógrafa, redatora, assessora de imprensa...
Mas foi nas viagens - e contando sobre elas - que descobriu sua verdadeira paixão.
Desde 2014, é editora do Imagina na Viagem e consultora de turismo além, é claro, de uma viajante incansável nas horas vagas.
Comentários